quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Peneira....!!!!


Certa vez, uma mãe muito preocupada com a educação de sua filha a surpreendeu, junto a um grupo de amigas, comentando acerca de uma outra amiga ausente.

O comentário naturalmente era desagradável. A mãe, então, convidou todas as meninas a seguirem com ela para a cozinha. Ali tomou de três peneiras, uma vasilha e uma porção de farinha.

Despejou a farinha na primeira peneira, de furos grandes e facilmente a farinha passou para a segunda peneira que tinha furos um pouco menores.

Agitou um pouco e a farinha caiu na terceira peneira, de malhas mais finas. Chacoalhou outra vez e a farinha finalmente caiu dentro da tigela.

A mãe tomou, então, de uma tampa e com cuidado, cobriu o recipiente para que a farinha não se espalhasse, caso um vento forte se apresentasse.

As meninas acharam aquilo tudo muito estranho e ficaram olhando, sem entender nada.

A senhora sorriu e falou, dirigindo-se especialmente para a filha:

Vamos imaginar que a farinha represente o comentário que você ouviu de alguém a respeito da sua amiga. Antes de passá-lo adiante, vamos passá-lo pelas três peneiras. Você tem certeza de que o que lhe contaram é a pura verdade?

Bem, disse a garota, certeza mesmo eu não tenho, só ouvi alguns comentários.

Se você não tem certeza, falou a mãe, a informação vazou pelos furos grandes da peneira da verdade. Agora vamos passá-la pela segunda peneira, a da caridade.

Pense, minha filha, você gostaria que dissessem de você isto que você falava a respeito da sua amiga?

Claro que não, respondeu prontamente a garota.

Então a sua história acaba de passar pelos furos da segunda peneira. Agora caiu na terceira, que se chama razão. Você acha que é necessário, que é útil passar adiante esta história?

A menina pensou um pouco, coçou a cabeça e respondeu:

Pensando bem, acho que não há nenhuma necessidade.

Pois muito bem, completou a mãe, assim como a farinha passou pelas três peneiras e ficou guardada na vasilha tampada, protegida do vento, o comentário que você ouviu, depois de passar pela peneira da verdade, da caridade e da razão, deve ficar guardado dentro de você.

Assim procedendo, você impedirá que o vento da maledicência espalhe a calúnia e traga maiores sofrimentos para sua amiga.




Refletir.....

Antes de tecermos qualquer comentário desabonador a respeito de quem quer que seja, reflitamos: será mesmo verdade o que nos disseram?

Gostaríamos que dissessem de nós o que pretendemos contar aos outros? Será verdadeiramente útil para alguém passar adiante o que ouvimos?

Se depois de passar pelas três peneiras, concluirmos que pode não ser verdadeira a informação, ou que, em se referindo à nossa pessoa, não gostaríamos de tal comentário, ou, finalmente, se o que sabemos nada trará de construtivo, de útil a outrem, calemos.

O mal não merece comentário em tempo algum. O mal cresce na Terra porque os bons se encarregam de alardeá-lo aos quatro ventos, à conta de escândalo.

A frase: Você já sabe?, repetida tantas vezes por nossa boca, deve começar a morrer dentro de nós, quando se trate de comentar a vida alheia.

Divulguemos o mau proceder somente quando, comprovado verdadeiro, a sua divulgação possa trazer benefício a terceiros, a título de prudência ou cuidados.

Caso contrário, sejamos sempre os promotores da boa palavra, que constrói, edifica, espalha luzes onde se expresse.

A Melhor Idade do Amor

É preciso amor e respeito as pessoas da melhor idade



Sábado, dez horas e vinte e um minutos da manhã. Chuva insistente de outono. Um casal adentra uma panificadora para tomar café. Dois cafés com leite e três pães de queijo, por favor. Ela parece um pouco agitada. Não tira os olhos dele. Ele parece tranquilo, dessas pessoas que já conseguem viver num tempo um pouco mais lento do que o do relógio. A diferença de idade é gritante. Não mais de quarenta, ela. Próximo aos oitenta, ele. Ele olha para fora pela janela entreaberta. Ela sorri, carinhosa. Todos os seus filhos nasceram aqui nesta cidade? Ele pensa um pouco... - Sim, todas elas... Três filhas. E você? Onde nasceu? - Volta a inquirir a mulher. Eu não sou daqui. Nasci no interior... Longe da cidade. E o que você lembra de lá? Ah... Muitas coisas... - Responde ele, com leve sorriso. Então, silencia. Parece fazer algum esforço para recordar de algo especial, mas logo desiste. Volta a olhar para fora, procurando a chuva fina. Sabe... Acho que tive uma vida feliz... Ela permanece interessada. Um interesse de primeiro encontro. Observa os cabelos brancos dele, a tez um pouco castigada, os olhos azuis. Respira fundo. Alguém poderia dizer que é o respirar de quem está apaixonado. Você só casou uma vez? - Pergunta ela, com certo embaraço na voz. Sim. Tereza. Mãe de minhas meninas. Que Deus a tenha. Ela fica um pouco emocionada e constrangida, repentinamente. Esboça um sorriso para disfarçar. Olha para a mesa. Ainda resta um pão. Pode comer. Já estou satisfeita. Almoçamos juntos amanhã? - Pergunta ele, ansioso por ouvir um sim. Sim... Claro que sim. É dia de almoçarmos juntos. Você sabe que gosto muito de estar com você, de ouvir suas histórias... Estou um pouco esquecido hoje, eu acho. Contei pouco... Não tem problema. - Diz ela, carinhosa. - Tem dias que a gente está com a memória mais fraca mesmo. Doutor Maurício disse que é importante ficar puxando as coisas da memória sempre. Ele diz que é como um exercício físico que fazemos para não "enferrujar". - Conclui ele. É verdade... - Ela suspira. - Precisamos cuidar da memória... Novamente um longo silêncio entre os dois. Ele volta a vislumbrar o exterior, contemplativo. Ela nota seu rosto em detalhes, ternamente. Fecha os olhos, por um instante, como se fizesse uma breve oração, uma rogativa sincera a uma Força Maior. Volta a abri-los, vagarosamente, e então pergunta: Pai... Pai... Posso pedir a conta? Ele acena positivamente. A conta chega. Ela se levanta primeiro, vai em direção a ele, envolve-o num abraço e o ajuda a levantar. Aquela era a rotina de todo sábado, às dez horas e vinte e um minutos da manhã, nos últimos dez meses. * * * Foram nossos genitores que nos proporcionaram um corpo, abençoado instrumento de trabalho para o nosso progresso, bem como um lar. Pensando em tudo isso, louve aos seus pais. Cuide deles, agora quando estão velhos, alquebrados, frágeis ou doentes. Faça o possível para não os atirar nos tristes quartinhos dos fundos da casa, aonde ninguém vai. Não se furte à alegria de apresentá-los aos seus amigos e às suas visitas; Ouça o que eles tenham a dizer. Quando estejam em condições para isso, leve-os para as refeições à mesa com você. Retribua, assim, uma parcela pequena do muito recebido por seus genitores anos atrás.