terça-feira, 2 de outubro de 2012

A gratidão

O homem, por detrás do balcão olhava a rua de forma distraída. Uma garotinha se aproximou da loja e apertou o narizinho contra o vidro da vitrine. Os olhos da cor do céu brilharam quando ela viu determinado objeto. Entrou na loja e pediu para ver o colar de turquesas azuis. É para minha irmã. Pode fazer um pacote bem bonito? O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e lhe perguntou: Quanto dinheiro você tem? Sem hesitar, ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo os nós. Colocou-o sobre o balcão e feliz, disse: Isto dá, não dá? Eram apenas algumas moedas, que ela exibia orgulhosa. Sabe, eu quero dar este colar azul para a minha irmã mais velha. Desde que morreu nossa mãe, ela cuida da gente e não tem tempo para ela. É seu aniversário e tenho certeza que ela ficará feliz com o colar que é da cor dos olhos dela. O homem foi para o interior da loja, colocou o colar em um estojo, embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma fita verde. Tome, leve com cuidado. Ela saiu feliz, saltitando rua abaixo. Ainda não acabara o dia quando uma linda jovem de cabelos loiros e longos e maravilhosos olhos azuis, adentrou a loja. Colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho desfeito e perguntou: Este colar foi comprado aqui? Sim, senhora. E quanto custou? Ah!, falou o homem, o preço de qualquer produto da minha loja é sempre um assunto confidencial entre o vendedor e o cliente. A moça continuou: Mas minha irmã tinha somente algumas moedas. O colar é verdadeiro, não é? Ela não teria dinheiro para pagá-lo! O homem tomou o estojo, refez o embrulho com extremo carinho, colocou a fita e devolveu à jovem dizendo: Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode pagar. Ela deu tudo o que tinha. O silêncio encheu a pequena loja, e duas lágrimas rolaram pelas faces jovens, enquanto suas mãos tomavam o embrulho e ela retornava ao lar, emocionada. * * * Verdadeira doação é dar-se por inteiro, sem restrições. Gratidão de quem ama não coloca limites para os gestos de ternura. E gratidão é sempre manifestação dos Espíritos que têm riqueza de emoções e altruísmo. Sê sempre grato, mas não espere pelo reconhecimento de ninguém. A gratidão é dever que não aquece apenas quem a recebe, mas também reconforta quem a oferece. Redação do Momento Espírita com base no texto O colar de turquesas azuis, do livro Remotos cânticos de Belém, de Wallace Leal Rodrigues, ed. O Clarim.

Verdadeiras Jóias

Narra uma lenda romana do século II a.C., que uma matrona romana, de nome Cornélia, tinha dois filhos. Certo dia, chamou os meninos que brincavam no jardim e lhes disse que, naquele dia, deveriam receber a visita de uma amiga para jantar. Ela era muito rica e viria para lhes mostrar suas joias. Quando a mulher chegou, ambos os irmãos arregalaram os olhos, ao ver os anéis que trazia nos dedos, os braceletes nos braços, as correntes de ouro que contornavam seu pescoço e os fios de pérolas que cintilavam nos seus cabelos. Olharam para sua mãe, que trajava uma túnica branca, sem adereços, e na cabeça trazia somente suas tranças enroladas. Um servo trouxe uma caixa e a colocou sobre a mesa. E, ante a surpresa dos meninos, a mulher lhes mostrou rubis vermelhos como sangue, safiras azuis como o céu, esmeraldas verdes como o mar e diamantes que luziam ao sol. O menorzinho sussurrou para o maior: Seria tão bom se nossa mãe pudesse ter algumas dessas pedras ou dessas jóias. Olhando com quase piedade para Cornélia, a ilustre visitante lhe indagou: É verdade que você não tem joias? Será verdade que você é assim tão pobre? Sem pestanejar, a anfitriã respondeu: De forma alguma. Tenho joias muito mais valiosas que as suas! Os irmãos Tibério e Caio se entreolharam. Seria possível que sua mãe possuísse joias e eles não soubessem? Acaso teria ela um cofre secreto? Seriam suas joias de tamanho valor que ela não as usasse, temendo ladrões? Mas Cornélia se aproximou dos dois filhos, abraçou-os sorrindo e falou: Estas são as minhas joias. Não são muito mais preciosas do que as suas pedrarias? * * * São verdadeiramente joias preciosas os filhos que nos chegam. Alguns pedras brutas para lapidação, outros já deixando perceber o fino trabalho da ourivesaria dos tempos, da lapidação das várias vidas. Quantos de nós nos apercebemos de tal riqueza? Quanta vez preferimos ilusões do mundo a estar com nossos pequenos? Quantas vezes preferimos colocar-nos ante a televisão, permitindo que os anos se sucedam e nossas preciosidades cresçam sem o cuidado e o carinho de que necessitam! E haverá algo mais precioso do que o sorriso de uma criança? De um abraço generoso? De suas carícias com as mãozinhas tépidas em nossos rostos? Atendamos aos nossos pequenos, joias raras que Deus nos confiou por breve tempo. Não percamos oportunidades de estar com eles, de senti-los, de amá-los. Porque de todos os tesouros do Universo, o amor é o mais valioso e duradouro. * * * Cornélia era mãe de Tibério e Caio Graco, que se tornaram Estadistas em Roma. Quando o povo romano erigia estátuas em honra dos irmãos, nunca esquecia de prestar tributo à mulher que os ensinara a ser sábios e bons. Redação do Momento Espírita "A maior caridade que podemos fazer pela Doutrina Espírita é a sua divulgação." Chico Xavier - Emmanuel 

CHICO XAVIER E O HOMEM ASSALTADO

Certa vez, bateu na porta humilde da casa de Chico Xavier um sujeito pouco conhecido na cidade. Mas o nome do Chico já havia decolado, o sujeito descobriu onde ele morava e foi direto pra lá. Era três horas da madrugada e ele dando murros na porta acordando a casa inteira. Quando ele foi atender, deparou-se com um cara todo rasgado, machucado, cheio de hamatomas... Daí ele disse ao sujeito: - Pois não!- O senhor é o Chico Xavier?? - Sim, sou...- Chico, aconteceu uma desgraça! Fui assaltado... - Puxa, mas que bom...- Acho que o senhor não entendeu, eu estou dizendo que fui assaltado e ainda quebraram a minha cara. - Meu Deus, que ótimo...- Escuta aqui senhor Chico Xavier, eu estou dizendo que fui assaltado, que quebraram a minha cara, levaram meus documentos e dinheiro, aliás levaram tudinho. E o senhor fica debochando???? Não esperava isso do senhor não... - Eu não estou debochando! É que você não se deu conta de uma coisa: Agora quem vai ter que pagar o mal que fez é o ladrão espancador e não você!!! Você está isento de culpa. Deus sempre sabe o que faz... Sabe-se que o cara, abaixou a cabeça em pose reflexiva e nunca mais apareceu. Observação: Culpa de que? Todos temos débito com a lei divina. Talvez o homem assaltado tenha sido um assaltante no passado. E o ocorrido tenha quitado seu débito. O assaltante não nasceu para assaltar alguém, mas como ele resolveu cometer este ato, ou seja, usou mal seu livre arbítrio, o homem assaltado foi impelido a passar no local para que pudesse ressarcir o débito. No livro "E a vida continua . . ." de André Luiz, o benfeitor Ribas esclareceu: "Somos mecanicamente impelidos para pessoas e circunstâncias que se afinem conosco ou com os nossos problemas." A Lei de Causa e Efeito é uma legislação criada por Deus, que tem a finalidade de manter a justiça perfeita no Universo. É infalível, justa e perfeita porque, não sendo de origem humana, mas sim divina, é isenta de falibilidade, imperfeição e corrupção. A execução dessa lei é administrada por espíritos das mais altas hierarquias, sabedorias e competência. E Jesus a ensinou, afirmando: "A cada um será dado segundo as suas obras." (Mt 16:27) Aparecimento dos efeitos: O retorno de uma ação, boa ou má, o aparecimento dos seus efeitos pode se dar: - de imediato: pratica-se um ato e, logo, a curto prazo ou um pouco mais tarde, recebe-se a conseqüência, a reação, mas ainda dentro desta encarnação; - após a morte: às vezes, o efeito do que fizemos como encarnados somente aparece na vida espiritual; - na reencarnação: o que fizemos numa existência pode vir a se refletir em outra de nossas vidas, em outra reencarnação. Assim, certas falhas (que não parecem punidas nesta vida) e certas virtudes (que não parecem recompensadas) terão certamente os seus efeitos; se não for nesta vida, o será na vida espiritual ou em nova existência corpórea.